Malú Mestrinho

Apresentação

Olá!
Este é meu blog pessoal.

Aqui pretendo comentar sobre coisas que vi, ouvi e vivi.
Gosto de escrever e às vezes sinto um impulso de compartilhar... Como não sei exatamento com quem, resolvi criar este espaço e deixar que pessoas acessem e leiam quando quiserem.
Pretendo também escrever e trocar idéias sobre a arte do canto. Mais especificamente do canto que interpreta a música chamada erudita.

Malú Mestrinho
(em julho/2010)


quarta-feira, 10 de maio de 2023

Uma surpresa na pesquisa sobre as canções de Neusa França...

    Estou editorando uma nova canção de Neusa França. Nova, no sentido de que, na lista das canções a editorar, dentro do trabalho de pesquisa, terminei uma e começo esta agora. Mas, não é nova para mim, pessoalmente. Pois, já a conhecia. Eu a cantei com a Neusa ao piano, em 2006. Chama-se “Balada para a Mulher”, com poesia de Nazareth Tunholi, amiga de Neusa, a quem conheci, nesta época. Elas duas faziam parte da ALMUB (Academia de Letras e Música do Brasil). 
            Estou atualmente, também – porque faço várias coisas ao mesmo tempo na pesquisa, não tenho muito método (ou, num olhar condescendente, este pode ser considerado o meu método,,,) – selecionando as canções de Neusa França, que cantarei em recital. Preciso fazer isso agora, para aproveitar o contato presencial com Angelo Fernandes, meu co-orientador no Doutorado, que tocará comigo. Ele é maestro, excelente pianista, professor de canto e estou em Campinas, trabalhando com ele, numa rara oportunidade de ensaiarmos, já que moro em Brasília. No processo de seleção para o recital, minha primeira reação foi deixar "Balada para a mulher" de fora. São cerca de 30 canções, das quais cantarei apenas 10, e esta não é das minhas preferidas.
            Aconteceu, então, que os dois processos se uniram, num momento que me emocionou. 
Para iniciar a editoração, abri todos os arquivos que tenho da canção: a minha partitura física (uma cópia xerox do original, que me foi dada pela compositora há 17 anos), e as duas partituras digitais da canção, que se encontram no acervo de Neusa França, cedidas para a pesquisa pelo Instituto Piano Brasileiro. Assim que olhei para a partitura, eu lembrei da canção. Num misto de solfejo e exercício de memória, cantarolei a melodia. Abri o arquivo digital da partitura original, com a parte de piano junto com a do canto. Logo depois, abri o arquivo da partitura para o canto (ela costumava escrever a parte do canto separada, em outra partitura). Sempre observo atentamente os detalhes de cada partitura, pois, Neusa França anotava informações, que são preciosas para a pesquisa. E na capa da partitura para voz, encontrei algo que me impactou profundamente: 

(Para a grande cantora Malú Mestrinho apresentar em 1ª audição na homenagem a novos membros da ALMUB na data de 28/7/06 no Auditório da UNB.)

Esta é a caligrafia de Neusa França, que já acho bonita normalmente. Mas, lendo nela a referência a mim e o meu nome, tive uma sensação de deslumbramento. Na minha partitura, que é cópia do original com o piano, não há nada disso. Não peguei com ela esta linha separada do canto, que era para mim. Tanto que ficou no acervo dela. Eu sempre preferi ler a minha parte junto com a do piano. Então, foi realmente uma surpresa! Me veio um sentimento quente, de perceber/lembrar que ela gostava de mim. Lágrimas vieram junto. Estou só, no meio da madrugada, ninguém para compartilhar a descoberta. Só Deus, a quem sou sempre grata pelo privilégio de trabalhar com a obra de Neusa França. Por isso, escrevo aqui. 
Sim, fui eu quem fez a primeira audição desta canção, na ocasião que ela menciona na anotação. A data da primeira audição é dado técnico importante, que eu não tinha sobre esta canção. Lembrei de tudo, do dia, da cerimônia, da canção. E a poesia tem tudo a ver com esta mulher artista, a quem estou aprendendo a dar o devido reconhecimento. 
Neusa França foi uma artista muito especial. Enquanto esteve aqui, encantou a muitos com sua música. Foi especial para mim pessoalmente, que pude trabalhar e cantar com ela. Ela é especial hoje, num momento diferente, de uma forma diferente. A descoberta da sua anotação sobre mim me leva a tratar esta pesquisa ainda com mais carinho. 
“Balada para a mulher” acaba de entrar na lista do repertório do meu recital de Doutorado. 

            Cantemos! 

domingo, 23 de abril de 2023

Neusa França... e a pesquisa sobre suas canções.


Pianista
Concertista
Virtuose
Compositora
Poetisa
Professora
Escritora
Educadora musical
Promotora Cultural



        Ela foi tudo isso, mas meu foco agora é no compositora, porque estou pesquisando sobre suas canções e é importante lembrar que ela compôs muito mais do que o Hino Oficial de Brasília, pelo qual é mais lembrada. 
      Conheci Neusa França na época do Projeto Antologia da Canção Brasileira, da Escola de Música de Brasília. Não que eu não soubesse quem ela era, e não a tivesse assistido tocar nos concertos da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, que, nós alunos de Música da UnB, nos anos 80/90, sempre assistíamos. Mas, não a conhecia pessoalmente e quem nos apresentou foi Marco Aurélio Coutinho. Estávamos preparando um recital só com canções de compositores brasilienses e ele disse: "Você tem que colocar a D. Neusa França nisso aí! ela tem várias canções". A soprano Amelia Niemeyer, colega na EMB, já cantava algumas canções de Neusa França, que foi uma convidada especial naquele recital, tocando com ela suas próprias canções. A partir daí, me tornei  também uma das cantoras que tiveram o privilégio de cantar suas canções com ela tocando. Convivi com ela entre 2003 e 2009. Lembro que ela tocava com energia e alegria que contagiavam a gente. Ela gostava de contar histórias... eu lembro de algumas e, graças ao mundo digital, há outras contadas por ela nos registros dos concertos "Vamos ouvir música?" e outros eventos, no Youtube. Participei dos seus “Vamos ouvir música?” entre 2004 e 2008, sempre cantando uma canção dela e de outro compositor brasileiro. Ficamos amigas, e ela costumava me chamar para cantar em eventos como saraus, festas, e sessões das academias que ela fazia parte. Cantei a 1ª audição de quatro canções dela nesta época: "Valsa do Primeiro Beijo", "Teimoso", "Mãos que sentem" e "Balada para a mulher". Convivi com ela e seus alunos em sua casa, presenciei o seu trabalho e a facilidade com que escrevia uma partitura. 
        Por causa do meu interesse na Canção de Câmara Brasileira, recebi dela várias partituras manuscritas de suas canções, que continuei cantando em recitais e incentivando alunos a estudar. Depois que ela faleceu, em 2016, percebi que tinha um tesouro nas mãos: cerca de 20 partituras de canções dela, sendo a maioria cópia, mas há alguns autógrafos. Fiquei com muita vontade de voltar a trabalhar com aquelas partituras, editorá-las, gravá-las. 
        Enfim, chegou este momento. Estou trabalhando desde 2022, no Doutorado em Música da Unicamp, com uma pesquisa sobre as "Canções de Câmara de Neusa França". Na pesquisa, que foi contemplada com uma bolsa do CNPq, no projeto "A Canção Brasileira de Concerto: estudos de repertório", já levantei mais de 30 canções dela e estou descobrindo informações e editorando suas partituras. Em breve, se Deus quiser, vou cantá-las em recital, gravá-las e publicar as partituras.  
        Foi um privilégio conviver e cantar com Neusa França.
        É um privilégio hoje, pesquisar sobre suas canções. 

        Transeamus 

        Cantemos
    

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Cantando na pandemia

            * (Texto antigo, que estava rascunhado para revisar há mais de um ano).

        2020, pandemia... tempo difícil. Difícil para trabalhar, para viver, e para cantar. Foi um ano de reclusão, sai muito pouco. Fazia tudo pela internet, inclusive o meu trabalho. Gente morrendo, gente sofrendo, gente chorando... E aquele medo! Sozinha no apartamento, falava muito com Deus... clamava por conforto para aqueles que perdiam seus entes queridos. Em meio a tudo isso, Deus me deu uma tarefa: cantar para consolar as pessoas. Resisti, não queria... Mas, não tive como fugir. O navio para Tarsis encalhou na pandemia...
        Uma amiga de Campina Grande me escreveu em maio/2020, pedindo que eu gravasse uma canção para os amigos de lá, que gostavam de me ouvir, estavam com saudades... Mas, gravar o que? Como, aqui sozinha? Tanta música já gravada! Eles podiam acessar músicas que gostam nos streamings. Não precisava eu gravar... e não gravei. De vez em quando, me lembrava do pedido. Quando orava por alguém sofrendo, pensava se podia fazer mais do que orar. Ouvi uma mensagem de um pastor sobre "Consolai meu povo" (Isaias 40:1)... Deus me ensinava sobre consolo. Várias vezes, trechos bíblicos e mensagens que falavam sobre consolo apareceram para mim. Mas, fiquei quieta. Em julho, outra amiga, de Uberlândia, perdeu a mãezinha dela. Me escreveu lembrando de um hino que eu cantava, quando morei lá, que falava da soberania de Deus: "Ele é meu e teu Senhor". Respondi rápido, "eu canto pra você!", querendo consolar a amiga que sofria. Pensei em gravar um áudio de WhatsApp e mandar pra ela. Mas, quando fui gravar o hino pra ela, lembrei do outro pedido de maio! Se ia gravar, tinha que atender o pedido anterior... Escolhi o hino "Deus cuidará de ti", para lembrar que Deus cuida de nós, mesmo na dor. Não foi fácil. Não tenho o costume de tocar e cantar ao mesmo tempo, então, tive que treinar muito! Quis gravar em vídeo, porque tudo naquele momento era por vídeo... Várias horas de preparo, para criar um arranjo, decorar a letra. Ensaiei muito. Gravar foi outro parto! Gravei no celular, sem fone (não sabia usar). Tentei várias vezes, mas errava ora o piano, ora o canto. Até que um take saiu razoável e resolvi mandar. Mas, não sabia como fazer! O arquivo era pesado. Meu filho sugeriu colocar no Youtube. Coloquei e mandei só para ela e algumas pessoas da família. Só que as pessoas queriam compartilhar o vídeo, que não era público, reclamaram. Tornei o vídeo público. Pessoas escreviam agradecendo, dizendo que tinham sido abençoadas, Na semana seguinte gravei o hino da amiga mineira. Já com fone de ouvido e um pouco mais segura. 
Sentada no piano, testando uma das gravações. 
        E assim surgiu um projeto pessoal de gravar canções de consolo. Queria gravar uma por semana. Mas, o processo era tão difícil para mim, que não consegui... de agosto de 2020 a março de 2021, gravei 8 vídeos, mais ou menos um por mês. Criei uma playlist no meu canal do Youtube, que teve vários acessos e pelos comentários, percebo que ela cumpriu seu objetivo, graças a Deus. Fiquei feliz de, num trabalho de formiguinha, ter alcançado algumas pessoas com uma mensagem de consolo através da música e do canto. Quem me conhece como cantora lírica, vai perceber que é outro tipo de canto, outra voz... 

        Hoje olhando para trás, não consigo imaginar como fiz isso. Se for tentar tocar e cantar aquelas canções hoje, não consigo... Mas, sei que fiz. Fui um pouco rebelde no início, mas fiz o que Deus me convocou a fazer. 
  Aqui o link da playlist "Cantando na pandemia" com as canções gravadas: https://youtube.com/playlist?list=PLD7jwFGJbWL-LvV2NliYrLVcCOtOkTX_M

Cantemos! 




sábado, 7 de janeiro de 2023

Voltando aos textos...


           Olá sobreCanto, estou de volta.
        Mais de um ano depois, acho que, finalmente, achei um tempinho para escrever. Muita coisa aconteceu. Mas, acho que o principal motivo da ausência aqui no blog seja o Doutorado. Pois é, finalmente... meio tarde, mas no tempo certo de Deus, estou fazendo um Doutorado, no Instituto de Artes da Unicamp. 
Eu e a minha nova "escola"...
Eu e minha nova escola... 

  Estou envolvida com o doutorado em música da Unicamp desde o 2º semestre de 2021, quando fiz duas disciplinas, como aluna especial. Minha amiga Isabela Sekeff foi quem me falou da possibilidade de cursar disciplinas por vídeo (ainda estávamos na pandemia). O contato com o estudo e pesquisa em assuntos tão dentro dos meus interesses profissionais e acadêmicos me levou a fazer o processo seletivo. Fui aprovada com um projeto de pesquisa sobre as Canções de Câmara de Neusa França, compositora que tive o privilégio de conhecer, conviver e cantar com. Estou muito feliz de realizar esta pesquisa, sob orientação de dois excelentes professores: Paulo Kühl e Angelo Fernandes. 
      Mergulhei de cabeça no trabalho da pesquisa em 2022. Estou licenciada do meu trabalho na UnB para fazer a pesquisa. Fiz um curso de FINALE, levantei os manuscritos das canções (34!), que estou editorando. Descobri muita coisa sobre elas e ainda estou levantando e anotando informações. Depois, vou escrever um texto separado aqui sobre as canções de Neusa França. 
      Minha pesquisa foi contemplada com uma bolsa do CNPq, específica para pesquisas sobre "A canção brasileira de concerto: estudos de repertório" no PPG do IA/Unicamp. Benção de Deus pra mim. Traz mais responsabilidade também de produzir e dar relatório da produção. 
      Em 2023, farei a última disciplina que falta e vou fazer o estágio de docência, lá na Unicamp, presencialmente. Terei que morar 4 meses em Barão Geraldo. Algo inesperado... mas, estou animada. 
       É isso. Novos tempos, novas experiências. Graças a Deus! Gosto do texto em que Deus diz:  "Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas. Eis que faço coisa nova, que está saindo à luz; porventura, não o percebeis? Eis que porei um caminho no deserto e rios, no ermo." (Isaías 43: 18 e 19) E eu digo "Ok, Senhor, eis-me aqui." 
Bem vindo, 2023! 
Bora trabalhar!
Transeamus... 
Cantemos. 



sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

O tomateiro da minha varanda

 

    Era uma vez um tomatinho cereja que sobrou de uma muda magrinha que eu plantei na jardineira da minha varanda. O tomateirinho secou, morreu... já tinha arrancado o caulezinho seco com raiz e tudo. Chegamos a colher alguns tomatinhos dele, e os comemos. Mas, um caiu e ficou lá esquecido, até o dia que fui plantar umas sementinhas de outras coisas com o meu neto Gabriel. Ele estava mais interessado nas sementes de morango, do que nas de salsinha e rúcula.

    Encontrei o tomatinho caído, abri no meio com a tesoura e coloquei as duas metadinhas viradas de cabeça pra baixo, num espaço da terra onde tinha colocado um pouco de adubo, entre as sementes de rúcula e as de morango. Com o indicador de cada mão, empurrei na terra assim: tchum, tchum, uma metade do lado da outra e cobri com terra. Não entendo nada de plantas e nunca tive muito jeito com elas. Mas desde que cheguei nesta casa que Deus me deu pra morar, onde há uma jardineira na varanda lateral do quarto de dormir, tenho experimentado algo novo: plantar. Pois bem, esta foi uma experiência: coloquei as duas metades do tomatinho na terra, pensando: vamos ver no que vai dar... 

    Fiquei acompanhando nos próximos dias o resultado do morango, pra ver se nascia. O Gabriel, de vez em quando perguntava pelo morango, curioso sobre quando apareceriam a frutinhas. Daí, apareceu um brotinho. “Olha Gabriel, está nascendo o morango!” Nem lembrava do tomate. A rúcula também nasceu, deu folhas bonitas. A salsinha, coitada, foi confundida com mato e jogada fora. Aliás, tudo nasce igual: duas folhinhas, uma pra cada lado. A gente tem que esperar crescer pra ver o que é... aprendizados de jardineira de primeira viagem. O pretenso morango crescia forte e rápido, duas plantinhas já... Pois bem, comecei a desconfiar daquele morango. Crescia que era uma beleza! Mas as folhas não pareciam nada nada com as das fotos da internet. Um dia, fotografei as folhas já abundantes num caule que engrossava e perguntei ao google o que era aquilo: TOMATE!!! Ha ha ha... nada de morango! Era primavera e as duas plantas cresceram muito e, em poucos dias, se encheram de flores amarelinhas. Aprendi que tinha que cortar uns galhos “xupões”, para as flores darem frutos. Todo dia tirava alguns... E as frutinhas apareceram. MUITAS! Tenho hoje 2 tomateiros ENORMES e fortes, na jardineira da varanda, cheios de tomatinhos! Mais de oitenta hoje! Tenho que podar as pontas dos galhos, para ele parar de crescer! Tanto vigor nesta planta, que onde eu tirei os chupões, nasceram outros ramos, alguns já deram flores. Ele já venceu a rúcula, que hoje está mirradinha... bichinha!

Tomatinhos nascidos na minha varanda.
    Em breve teremos muitos tomates cereja para salada!

   Existem várias orientações sobre como ´preparar sementes de tomate para plantar: retirar e lavar para sair da polpa, depois secar por vários dias. Não fiz nada disso. Lembro de uma frase do filme Jurassic Park “life finds a way...” É verdade. Porque acima da natureza e dentro dela há a força suprema da vida: Deus. Eu vejo isso no tomateiro da minha varanda. 

Aleluia!

Transeamus...